Hoje eu colaborei participando com comentários sobre o tema “ser
vegetariano”. Antes de mais nada não sou
vegetariana e não sou também não-vegetariana, confuso isso, é, é confuso mesmo.
Eu tentei colocar meu ponto de vista
sobre o alimentar-se, o ato de necessitar de ingerir outros seres vivos para
poder existir, o como eu faço isso. Não deu muito certo! Para mim, esse é o ponto
mais importante da questão. Olhar para uma ave ou um rabanete como o elemento
que eu estou a ingerir, a impedir que continue a viver , questionar as
condições de como ele é produzido, acredito ser a forma restrita do
alimentar-se. É importante pensarmos
nisso, sim, importantíssimo, mas, é importante também não nos fixarmos só
nisso!
Eu estou querendo olhar para a alimentação no seu sentido
amplo e multidisciplinar, envolvendo a biologia, psicologia e religiosidade, ou
seja, corpo-mente-espírito. Maluquice, delírio, loucura, pode ser, nem isso
estou descartando se isso me levar a um relacionamento de amor com o
alimentar-se.
Eu sou obesa, sempre estive lutando com o peso. Comer, me
alimentar sempre foi um problema, porque tudo que eu ingeria significava dentro
de mim, engordar ou não engordar. Ou seja, engordar! Venho tentando, tentando e
tentando e não consigo me harmonizar com os alimentos ingeridos. Dizem-me que
sou uma eterna dependente, viciada no alimento, e que , por isso, tenho que
estar sempre atenta a ele para não deixar-me ser pega desprevenida por ele e
ser devorada pelo alimento. Durante muitos anos concordei com essa ideia, hoje
não. Hoje não mais. Hoje eu quero diferente. Com o passar dos anos, percebi que
eu preciso olhar com maturidade+coragem+benevolência+sem julgamento+adulta para
essa questão. Como numa receita de bolo, colocar tudo numa vasilha, na medida
suficientemente boa, mexer e assar, esperar, para que ao final surja uma bela e saborosa expressão de mim mesma, que é, o eu
mesma, acrescida do que coloco para dentro, vou me restringir a alimento físico.
Quero que esse ato seja um ato de amor: para comigo, para o
alimento. De respeito: para comigo, para o alimento. Acredito que amor e
respeito nas duas vias internas e externas me trarão aceitação e consciência suficientes
para não ter de colocar minha energia apenas no restrito do alimentar-se: rabanetes ou aves?